quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ensaio: SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, A SEMANA QUE AINDA NÃO ACABOU.

 Ensaio: SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922, A SEMANA QUE AINDA NÃO ACABOU.
                                                                                                           
 Era para ser apenas uma semana de manifestações de jovens artistas contra o academicismo e a estagnação nas artes, transformou-se num movimento pela liberdade de expressão para todos os artistas brasileiros que vieram depois.

 No ano de 1922, centenário da independência do Brasil, um grupo de jovens artistas paulistas e cariocas organizaram um evento com objetivo de renovar o ambiente artístico e cultural de São Paulo, e consequentemente, de todo Brasil. Insatisfeito que estavam, pretendiam aproveitar os festejos cívicos para também dar o grito de independência no adormecido em berço esplêndido Brasil das letras, da arquitetura, da música, das artes plásticas e, do pensamento. A realização no país de um festival artístico de tendencias atuais com duração de uma semana, a exemplo da semaine de fêtes de Deauville, França, era muito falado entre intelectuais. Em 1921, o pintor Di Cavalcanti, numa visita a São Paulo e, em conversa com os anfitriões, Paulo Prado e esposa, produtores de café, falou do assunto realização de um evento parecido com o francês em São Paulo,"uma semana de escândalos literários e artísticos de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana", teria falado Di Cavalcanti. Não demorou e a ideia criou força. Logo, em torno dela outras personalidades, pensadores, escritores, pintores, escultores, arquitetos, músicos, políticos e produtores de café. Nomes ainda pouco conhecidos tomaram a frente, Mário de Andrade e Oswald de Andrade (apesar do mesmo sobrenome, não tinham ligação parentesca), Manotti Del Picchia, Anita Mafaltti, Victor Brecheret, entre outros. A ideia, é preciso lembrar, não era novidade, vinha se fortalecendo desde a exposição de Lasar Segall em Campinas e São Paulo em 1913, a exposição de Anita Mafaltti em São Paulo em 1917, e o surgimento do escultor Vitor Brecheret em 1920. 
  A introdução histórica no Brasil de obras que se pode denominar modernas, pertence a exposição de Lasar Segall. Sua mostra obteve, apenas, polidos comprimentos da conservadora crítica paulistana da época. Desestimulado, seguiu de volta a Europa, só retornando ao Brasil anos depois. A mostra pioneira de Segall não causou sensação, nem teve força para aglutinar em torno ao jovem expositor, as correntes vanguardistas. Isto coube a exposição de Anita Malfatti, em 1917. Suas obras com tímidas incursões ao impressionismo e ao cubismo, causaram profundo impacto e desgosto por toda cidade e, muito mais nos seus familiares, que se sentiram traídos, já que foram eles os financiadores dos estudo de Anita na Europa. Os  quadros desta mulher de 28 anos, tímida, retraída, sensível e insegura, acendeu o estopim que explodiria na realização da semana de arte moderna, cinco anos depois. Seus temas, um rosto pintado de amarelo vivo, ou então, figuras deformadas, provocaram reações diversas nos observadores, grande maioria sentiu-se ultrajada, ofendida, irritada e escandalizada. Um dos que mais se irritou foi Monteiro Lobato, pintor sem destaque, mas já consagrado como escritor. Pelas páginas de O Estado de São Paulo, lobato fulminou Anita com um artigo injusto e obscurantista. O que mais irritou-o foi a má direção que a pintora tomou. Futurismo, Cubismo. Impressionismo, e "tutti quanti" não passam de simples caricaturas, teria dito entre outras desconsiderações. Imediatamente, a crítica de Lobato produziu dois efeitos contraditórios: por um lado, aglutinou todos os jovens artistas e escritores em torno da expositora, por outro lado, abalou profundamente as convicções de Anita, a tal ponto que perdeu a autoconfiança e nunca mais reencontrou seu caminho de ousadias e experimentações (ao falecer em 1964, estava adepta das filosofias evangélicas e pintava tranquilos vasos de flores com cenas religiosas). Outra exposição importante que influenciou a realização da semana de arte moderna, foi a mostra de Vitor Brecheret em São Paulo, em 1920. Falando sobre o escultor, Manotti Del Picchia afirmou: Um dos maiores escultores nacionais de todos os tempos. Já, Monteiro Lobato, agora numa crítica construtiva a um artista moderno, declarou sua admiração ao escultor: Paremos juntos, e juntos admiremos tão soberba manifestação da grande arte. Admiremos sem reservas, isso é arte, de verdade, da boa, da grande, da que põe o espectador sério e, se é sensível, comovido. Escreveu. Nesta mostra reveladora, Brecheret apresentou esculturas em granito, bronze  e mármore, e pela primeira vez foi possível apreciar a maquete Monumento As Bandeiras, obra monumental que seria inaugurada em 1953 no parque Ibirapuera em São Paulo. Mesmo estando na Europa no período da semana de arte moderna, Brecheret participou com doze obras, todas por ele selecionadas antes de embarcar. Outro personagem importante para o fortalecimento da arte moderna no Brasil e para a existência da semana de arte moderna, é o nome do agitador cultural Oswald de Andrade. Escritor e poeta, após uma viagem a Europa em 1912, retórma ao país influenciado pelo manifesto futurista de Marinetti. No mesmo ano, funda o irreverente jornal O Pirralho e escreve críticas ferrenhas a pintura decorativa e acadêmica tão em voga na época. Enquanto Mário de Andrade, seu colega escritor, poeta e agitador cultural, igual a ele (conhecem-se em 1917, por ocasião das manifestações públicas de apoio a Anita), era mais técnico com obras voltadas ao seu sentimento pela cidade de São Paulo, Oswald era o responsável pelas provocações e polêmicas em rodas literárias, um grande incentivador da busca pela alma brasileira nas artes, um observador da cultura nacional, na sua obra influencia do negro, do europeu e do indígena.
 Assim, diante destes fatos, a 29 de janeiro de 1922, uma nota no Correio Paulistano anunciava a realização, entre os dias 11 a 18 de fevereiro, de uma semana de arte no Teatro Municipal de São Paulo. Mesmo sem o nome de Hélios Seelinger, um dos maiores representantes da arte, considerada moderna na época e, incentivador da realização da semana, o evento aconteceu. Entre os participantes de presença anunciada figuram músicos, como Villa-Lobos, Guiomar Novais; escritores, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del  Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado; artistas plásticos, como Vitor Brecheret, Anita Mafaltti, Di Cavalcanti,Oswaldo Goeldi, John Graz, entre outros, e os arquitetos Antônio Moya e Georg Przyrembel.
   Então, finalmente, no dia divulgado, as 20h.30, Graça Aranha abriu a Semana de Arte Moderna, sob aplausos e vaias, com a conferência: A emoção estética na arte moderna. O tempo nublado e quente causava desconforto as pessoas vestidas de colarinho, terno e colete de casimiras. Oswald de Andrade, rosto escorrendo suor, lê alguns poemas com papel tremendo nas mãos, pois desde que começou a recitar o teatro irrompe em vaias. Mário de Andrade, proferiu um discurso sobre estética também sob vaias. Assim a semana iniciou, e assim continuou. Manuel Bandeira, mesmo não estando presente por problemas de saúde, provocou inúmeras reações de agrado e ódio devido seu poema Os Sapos, que fazia uma sátira do Parnasianismo  (estilo estético decorativo) e lido durante o evento. As vaias se sucederam. Numa noite, relinchos, miados, gente latindo feito cachorro ou cantando igual a galo. Sérgio Milliet nem conseguiu falar; Oswald debochou do fato, afirmando que, naquela ocasião, revelaram-se algumas vocações de galinhas d'angola muito aproveitáveis. Na apresentação musical, Villa-Lobos subiu ao palco calçando num pé um sapato e, noutro um chinelo. O público vaiou intensamente, pois considerou a atitude futurista e desrespeitosa. Depois, o maestro esclareceu não ser rebeldia, e sim um calo inflamado que o incomodava. Noutro recital, Mário de Andrade declamou Morte ao Burguês sob algazarra, batidas de pés no chão, batatas jogadas no palco, gritos de reprovações e xingamentos com palavras de ordens. Alto, queixo enorme, meio careca, normalmente calmo, o poeta estava desfigurado, tremendo de nervoso, mas, continuava declamando. De repente, no saguão, uma grande confusão se armou. Lá era o local mais odiado pelo público, com quadros horríveis, cheios de manchas coloridas, que estão chamando de arte moderna, protestava aos gritos o público. Agora, o poeta desaforado e teimoso, parecendo meio irado, estava ali, falando alto sobre o valor daquelas telas.A conferencia, no entanto, não foi curta, e as vaias foram diminuindo. Num momento, houve quase silencio, Mário sorriu e, agora era quem reclamava: Se não houver vaias eu não falo mais. Disse. Mas,nem todas as apresentações da semana foram abaixo de vais, teve também aplausos. A cantora lírica Guiomar Novais foi muito aplaudida, mesmo Villa-lobos agradou bastante o público. Na semana de arte moderna a crítica não poupou esforços para destruir aquelas ideias, e futuras ideias iguais; poemas sem rimas; sons sucessivos sem nexo, são ruídos, são estrondos, são disparates; tudo que estes artistas conseguiram foi desopilar os nervos do público paulista, lia-se nos jornais e ouvia-se nas ruas. 
 Após a realização, os principais artistas retornam a Europa, ou indo primeira vez, como Di Cavalcanti, enfraquecendo o movimento. 
 Devido as inúmeras vaias, as forças contrárias, os comentários de deboche na imprensa, parecia que a semana seria mais um evento a ser esquecido, e rapidamente. Só parecia. Para sorte de todos os românticos e sonhadores, nunca foi esquecida, e a cada ano, fica mais carismática. Após encerramento da semana, iniciou-se uma das fases mais produtivas no país.
  Pintores, poetas, arquitetos, escritores, músicos, mecenas, apreciadores, passaram a reunirem-se e a discutir as idéias difundidas na semana de arte moderna. Ainda no final de 1922, Tarsila do Amaral, uma das artistas que melhor representaria na pintura os ideais da semana, regressa ao Brasil. Por ocasião do evento se achava em Paris, por este motivo não participou, mas acompanhou todos os desdobramentos por correspondências, principalmente com Anita, que, na volta, a apresentou a Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Sua arte se transformou e o Brasil cresceu. Em 1926 casa-se com Oswald e entra numa fase de muita qualidade. Aquele grito de modernidade, tão apregoado nas conferencias durante a semana, agora explodia nos quadros de Tarsila. O Abapurú, de 1928, transformou-se no que melhor simboliza a pintura brasileira dos anos 1920 (ironicamente, encontra-se numa coleção na argentina e não num museu em terras tupi-guarani). Depois, no transcorrer dos anos, muitos grupos surgiram como: Klaxon, Dos Cinco, Pau-Brasil, Antropofagia, Núcleo Bernadelli (da qual fazia parte, nosso, Martinho de Haro nos anos 1930) e grupo Ribeirão Preto(da qual fazia parte, nosso, Pléticos, no início dos anos 1960) e muitos outros. Na arquitetura, os projetos passaram a explorar as ideias de ocupação urbana propagadas na semana. No final dos anos 1920, um grupo de arquitetos se destacava no eixo Rio São Paulo: Rino Levi, Gregori Warchavchik, Le Corbusier, Lúcio Costa (que, anos depois, munido de plantas, projetos, paisagistas, urbanistas e artistas plásticos, partiu para construir Brasília), e com eles, também um jovem chamado Oscar Niemeyer.
 Nas Artes, o Brasil deslanchou em todas as direções, em muitas cidades grandes nomes surgiram e se consagraram: Portinari, Rego Monteiro, Goeldi, Guignard, Ismael Nery, Bruno Giorgi, Martinho de Haro, Pixinguinha, Hermeto Pschoal, Gismonti, Naná Vasconcelos, Drumond, Quintana, Lindolf Bell, e muitos e muitos outros.
 Como bem disse Mário de Andrade a respeito daqueles anos: Vivemos uns oito anos, até perto de 1930, na maior orgia intelectual que a história do pais registra. 
  Orgia, que nós, mesmo com menas intensidade e noventa anos depois, parece que nunca vai acabar.   
         
                                                                                                                                                                                                        Tácio Morais Neto



                  Projeto
GIBI
   CLAREIRA NA MATA
                
   Roteiros para uma revista em quadrinhos

            Organização:
            Cesar Otacílio Gomes -artista plástico
                 

 
                       Crônicas de Tácio Morais Neto

--------------------------------------------------------------------------------          
                   Roteiros das historinhas
--------------------------------------------------------------------------------

     Crônica 1
           Clareira na mata
Quadrinho 1
                     Legenda: Nossa história começa no século XIX, numa região inóspita e ainda
                                     desconhecida no sul do Brasil.
 Quadrinho 2
                     Legenda: Num lugar onde tinha uma picada aberta no meio da mata fechada
                                    para a passagem das tropas de gado conduzida pelos tropeiros.
                    Balão 1: eeeita boi, eeeeita boiada.
                     Balão 2: vamos, vamos...
Quadrinho 3
                    Legenda: Aos poucos, por ali formou-se uma clareira rodeada por grandes
                                    árvores.
 Quadrinho 4
                    Legenda: Com o passar do tempo, este local começou a servir de descanso e pouso
                                    dos tropeiros e suas tropas.
                    Balão: Aqui é um bom lugar para pousar esta noite.
 Quadrinho 5
                   Legenda: Esta clareira tomou forma arredondada, pois era circundada por um
                                    pequeno córrego.
 Quadrinho 6
                      Legenda: O que facilitava a permanência, dentro dos limites, de bom número de
                                   animais...
                      Balão 1: Daqui não foge nenhum boi, nem cavalo.
                      Balão 2: Esta cerca é bem forte.
 Quadrinho 7
                     Legenda: Logo constituiu-se num lugar de parada obrigatória para os tropeiros.
                     Balão 1: Aqui tem muita água e comida para os animais e para nós.
                     Balão 2: A caça é farta.
                     Balão 3: Tem milhares de jacutingas no mato.
Quadrinho 8
                     Legenda: Estava a meia distancia dos campos de cima da serra, para quem se
                                dirigia a Curitibanos e Lages.
                      Balão: Amanhã vamos subir a serra.
Quadrinho 9
                     Legenda:e, para os que desciam a serra em direção a Rio do Sul, Ibirama,
                              Blumenau e Itajaí.
                     Balão 1: Blumenau ainda está longe?
                     Balão 2:A dois dias daqui.
Quadrinho 10
                     Legenda: O descanso das tropas era levado muito a sério por estes homens
                                      rudes.
                    Balão 1: Boi cansado sofre e perde peso.
                    Balão 2: Os cavalos precisam descansar.
                    Balão 3: Os burros também.
Quadrinho 11
                     Legenda: Enquanto o gado descansava e comia seu trato, os tropeiros reuniam-se
                                    ao redor do fogo para comer carne de caça e... falar de causos...
                     Balão: Dizem que lá naquele perau tem uma gruta onde se ouve gemidos de
                                 arrepiar;coisa d'outro mundo, sô.
Quadrinho 12
                     Legenda: Família,
                     Balão: Logo meu filho estará me acompanhando nesta aventura de tropeiro.
Quadrinho 13
                    Legenda: Acidentes,                     
                    Balão 1: Na descida da serra uma mula caiu na ribanceira...
                    Balão 2: e quase levou outra junto.
Quadrinho 14
                   Legenda: Onças.,                    
                   Balão 1: A poucos dias uma onça atacou e matou um novilho.
                   Balão 2: Elas costumam atacar ao amanhecer.
Quadrinho 15
                   Legenda: Índios,
                   Balão: Temos que ficar alertas, pois por aqui os bugres costumam atacar de
                               surpresa.
quadrinho 16
                   Legenda: Coragem, trabalho, dedicação e persistência foram as marcas desses
                                    pioneiros.
                   Balão: Não é fácil conduzir a boiada na chuva e no frio.
Quadrinho 17
                  Legenda: Com o passar dos anos a clareira foi aumentando de tamanho e
                                    importância.
                  Balão: Vamos construir mais um rancho e um novo cercado para a boiada.
Quadrinho 18
                   Legenda: E, uma pequena aglomeração, com construções de madeira, foi se
                                    formando.
Quadrinho 19
                   Legenda: Não demorou muito e o local começou a ser conhecido, entre os
                                    tropeiros, como Pouso Redondo.
                   Balão: Vamos pousar lá na clareira redondo.
Quadrinho20
                    Legenda:Logo o nome foi-se enraizando e já não era mais conhecido de outra
                                    maneira.
                    Balão1: Precisamos chegar em Pouso Redondo antes do anoitecer.
                    Balão 2: Lá iremos descansar e comer fartamente, pois estou com uma fome...
 Quadrinho 21
                    Legenda: O crescimento habitacional era constante...
                    Balão: Precisamos derrubar mais árvores,
 Quadrinho 22
                    Balão: e construir novas casas.
 Quadrinho 23
                   Legenda:Na década de 1920 o governo do estado criou ali uma “barreira”
                                   para arrecadação de tributos.
                   Balão 1: O que você está transportando?
                   Balão 2: Queijo e charque.
 Quadrinho 24            
                   Balão: Agora o nome Pouso Redondo é parte oficial do estado.
 Quadrinho 25
                   Legenda: O local era de passagem obrigatória para quem se dirigisse à serra,
                   Balão: Os  tropeiros tem que pagar impostos sobre os produtos transportados.
 Quadrinho 26
                   Legenda: ou ao Vale do Itajaí.
                   Balão: Estou levando fumo e couro.
 Quadrinho 27
                   Balão: Queijo e linguiça.
Quadrinho 24
                   Legenda: Isto logicamente, não foi do agrado geral,
                   Balão 1: agora vou ter que  aumentar preços.
                   Balão 2: Meus fregueses não vão gostar.
 Quadrinho 29
                   Legenda: Mas todos concordaram que impulsionou ainda mais o crescimento da
                                   vila Pouso Redondo.
                   Balão: Imposto é necessário para a vila crescer.  
Quadrinho  30
                   Legenda: Na clareira, agora tinha muitas casas de colonos e roças.
                   Balão: Bom dia vizinho, como vai a família?
Quadrinho 31
                   Legenda: Telégrafo...
                   Onomatopeia: Plec, plec, plec...
Quadrinho 32
                   Legenda: Serraria...
                   Balão 1: Hoje vamos continuar serrando tábuas de canela.
Quadrinho 33
                    Legenda: Uma venda,
                    Balão 1: Boa tarde seo Bastião, quero dois quilos de farinha de polenta, um
                                   rolo de fumo e uma caçarola.                  
                    Balão 2: Também dois metros de tecido xadrez para uma camisa.
 Quadrinho 34
                   Legenda: Atafona...
                  Balão 1: Do milho fazemos a farinha para polenta e pão.
                  Balão 2: e quirela para tratar pintos e galinhas.
 Quadrinho 35
                   Legenda: Ferraria,
 Quadrinho 36
                   Legenda: Selaria,
 Quadrinho 37
                   Legenda: Fabricante de carroças,
 Quadrinho 38
                    Legenda: Alfaiataria,
 Quadrinho 39
                    Legenda: Olaria
 Quadrinho 40
                    Legenda: e muitos outros ramos de negócios.
 Quadrinho 41
                    Legenda: Com trabalho constante e persistência , os moradores  foram
                                    expandindo seus  interesses comerciais.
                    Balão: Preciso levar esta encomenda de queijos para Blumenau.
 Quadrinho 42
                     Legenda: Em 1933, transformou-se em distrito do município de Rio do Sul com
                                       o nome batizado pelos tropeiros:Pouso Redondo.
                     Balão 1: Este baile é em homenagem ao distrito Pouso Redondo.
                     Balão 2: Vamos festejar minha gente.
 Quadrinho 43
                    Legenda: O distrito continuou crescendo cada vez mais em importância
                                      produtiva e política, assim em 1958 transformou-se no município
                                      Pouso Redondo.
                     Balão: O Pousoredondense …......foi eleito veriador de Rio do Sul.
 Quadrinho 44
                      Legenda: Assim, em 1958, emancipado de Rio do Sul, transformou-se no
                                       município Pouso Redondo.
                    Balão 1: Vamos festejar, soltar bastante foguetes.
                    Balão 2: Nosso distrito agora é município.
 Quadrinho 45
                    Legenda: Por ser um povo festivo, uma grande festa foi organizada para
                                     comemorar o dia 23 de julho, data oficial da formação do município.
                                     O baile foi o ponto alto das comemorações, onde a população dançou
                                     e divertiu-se orgulhosos pelo novo município do estado de Santa
                                     Catarina, no sul do Brasil.
                    Balão 1: Muito progresso e muitas vivas ao município Pouso Redondo !
                    Balão 2/3/4/:Viiiivaaaa...viiivaaa...  
                                        FIM.                      

  ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------               
  Crônica 2
   A odisseia do pioneiro Pousoredondense.
Quadrinho 1
                  Legenda: Este é  seu Antônio, um pioneiro descendente da Itália,
                                   casado com Maria, 11 filhos, morador de Pouso Redondo em 1916.
                  Balão: Filhos, daqui a dois meses os tropeiros vão passar por aqui, então temos que
                              embalar o fumo em corda, os queijos, linguiças,toucinho, banha, charque
                              para  vender-vos.
 Quadrinho 2
                  Legenda: Vivendo numa época onde o trabalho braçal é que sustentava a família,
                                   seu Antônio, e filhos, criava animais e plantava diversas culturas.
                  Balão: Este ano o fumo veio bonito, nada atrapalhou.
Quadrinho 3
                  Balão 1: O gado engordou bem.
                  Balão 2:Produziu bastante leite.
 Quadrinho 4
                  Balão:Ainda deu para matar algumas cabeças para fazer charque e salgar couro.  
  Quadrinho 5
                  Legenda: A criação de porcos também foi excelente, deduzi-se isto vendo muitas
                                  linguiças, costelas, pernis, pendurados no defumadouro do velho Tônhão,
                                  alcunha assim conhecido na bodega e cancha de bocha do seu Bub.
                  Balão: É, o ano foi muito bom.
 Quadrinho 6
                  Balão: Que beleza.
  Quadrinho 7
                  Legenda: A passagem dos tropeiros compradores de mantimentos processados, era
                                  muito aguardado.
                  Balão: Com o dinheiro da venda, podemos encomendar pelos próprios tropeiros,
                              roupas, vasilhames...
 Quadrinho 8
                  Legenda: Lembra Maria, a esposa.
                  Balão: Arados, plantadeiras, enxadas,
 Quadrinho 9
                  Legenda: A filha do meio também se manifestou.
                  Balão: Batons e produtos de beleza.
 Quadrinho 10
                  Legenda: Já o caçula...
                  Balão: Brinquedos, balas e chocolate.
 Quadrinho 11
                  Legenda: Naqueles áureos dias, os tropeiros eram muito valorizados.
                  Balão 1: Para nós o tropeiro é importante.
                  Balão 2:  Leva nossos produtos e nos trás o que precisamos.  
 Quadrinho 12
                  Legenda: Compra nosso queijo.
                  Balão 1: 87 quilos de queijo.
                  Balão 2: Hum, delicioso este queijo.
 Quadrinho 13
                  Legenda: Nossa linguiça...
                  Balão: Mais 115 quilos de linguiça de porco.
 Quadrinho 14
                  Legenda: Charque,
                  Balão 1: Este charque está muito bonito.
                  Balão 2: 182 quilos.
 Quadrinho 15
                  Legenda: A pesagem continuava,
                  Balão: Mais 45 quilos de toucinho.
Quadrinho 16
                  Balão: 180 quilos de fumo em corda.
 Quadrinho  17
                 Balão: E três couros secos de boi.
 Quadrinho 18
                    Legenda:Depois de tudo pesado, valores somado e negociado, os homens se
                                despediam.
                    Balão 1: Seu Tonhão, é bom fazer negócio com o senhor.
                    Balão 2: O mesmo digo eu, seu Nico.
Quadrinho 19
                     Legenda: Depois que os tropeiros partiam, a família de Antônio voltava aos
                                     afazeres  na rústica propriedade.
                     Balão: Precisamos aumentar nossa produção. Por isso compraremos cavalos e
                                  vacas dos próximos tropeiros que passarem por aqui com tropas.
 Quadrinho 20
                      Legenda: Isto não demorou a acontecer, dois meses depois, no final da tarde de
                                       um dia quente, eles chegaram com tropas de animais.
                      Balão 1: Boa tarde, seu tonhão.
                      Balão 2: Boa tarde.
                      Onomatopeia: Muuu... rinchhh...
 Quadrinho 21
                      Legenda: Os animais que traziam vinha da serra acima, dos campos de Lages e
                                      do Rio Grande do Sul.
                   Balão 1: Eita boi.
                   Balão 2: Vamos potrancos...
 Quadrinho 22
                   Legenda: Negociar animais saudáveis era questão de honra aos tropeiros.
                   Balão 1: Meus animais pode ser comprados com tranquilidade.
                   Balão 2: Nenhum está doente, ou magro.
 Quadrinho 23
                   Legenda: Rapidamente, os tropeiros distribuíram os animais nas áreas cercadas.
                   Balão 1: É preciso separar os animais por tamanho.
                   Balão 2: As vacas para lá.
 Quadrinho 24
                   Balão 1: Vamos separar os bois das vacas.
                   Balão 2: E os bezerros.
 Quadrinho 25
                    Balão: Cavalos, éguas e pangarés, tudo separado.
 Quadrinho 26
                     Legenda: Depois dos animais devidamente distribuídos, era preciso providenciar                
                                      alimentos a eles.
                      Balão: Para apanhar capim é só ir até a beira do rio, lá tem bastante.
 Quadrinho 27
                       Legenda: Após colhido, o capim era picado na máquina de cortar trato do seu
                                       Antônio.
                       Balão: É fácil, é só girar esta enorme roda de ferro feito alavanca.
 Quadrinho 28
                       Legenda: Providenciar água...
                       Balão: Vamos, bebam a vontade.
 Quadrinho 29
                       Legenda: Assim, bem alimentados, os animais ficavam nos currais a espera dos
                                       colonos que vinham de longe para comprar-vos.
                       Balão: Preciso de dois cavalos para arado e carroça.
 Quadrinho 30
                       Legenda: Todos se interessavam conhecer os animais que chegavam.
                       Balão 1: Eu quero comprar duas vacas.
                       Balão 2: Eu, quatro bezerros.
 Quadrinho 31
                       legenda: Olhava-os com curiosidade...
                       Balão: Eu quero comprar uma égua com potranquinho.
 Quadrinho 32
                      Legenda: Sabiam o que precisavam...
                      Balão: Pretendo comprar umas novilhas para fazer uma criação.
 Quadrinho 33
                     Legenda: Nestas paradas os tropeiros faziam bons negócios, e também aceitavam
                                      encomendas.
                     Balão: O senhor poderia me trazer cinco cabeças de vaca holandesa? Quero
                                 aumentar produção de queijo.
 Quadrinho 34
                      Legenda: Ao partir, os tropeiros contabilizavam diversas vendas de animais e
                                       pedidos.
                     Balão: A demanda por animais está aumentando, é preciso fazer mais viagens.
 Quadrinho 35
                     Legenda: A família destes colonos está crescendo.
 Quadrinho 36
                     Balão: Bom para nosso negócio.
 Quadrinho 37
                      Legenda: Após a partida dos tropeiros, novamente a propriedade da família do
                                       seu Antônio voltava a normalidade.     
                      Balão: Preparar a terra.
 Quadrinho 38
                       Balão: Plantar milho.
 Quadrinho 39
                       Balão: Feijão.
 Quadrinho 40
                       Balão: Aipim.
 Quadrinho 41
                       Balão: Batata.
 Quadrinho 42
                       Balão: Fumo.
 Quadrinho 43
                       Legenda: Amendoim.
 Quadrinho 44
                       Legenda: Arroz.
 Quadrinho 45
                       Balão: É emocionante var o milho crescer assim forte.
 Quadrinho 46
                       Legenda: Durante o crescimento da lavoura é preciso capinar.
                       Balão 1: Capinar e encostar terra nas plantas.
                       Balão 2: Assim as plantas crescem fortes.
 Quadrinho 47
                       Legenda: Meses depois é época de colher.
                       Balão 1: O feijão está pronto para ser colhido.
                       Balão 2: Vamos fazer isto antes que chova.
 Quadrinho 48
                       Legenda: Bater o feijão.
                       Balão: Assim, com uma vara comprida.
 Quadrinho 49
                       L:Debulhar milho,
                       Balão: É com a mão mesmo.
 Quadrinho 50
                      Legenda: Tirar o leite das  vacas.
                      Balão: É preciso cuidado para não levar coice.
 Quadrinho 51
                      Legenda: Cortar lenha para o fogão.
                      Onomatopeia: Prac  prac
 Quadrinho 52
                      Legenda: Tratar os porcos.
                      Balão: Aqui, porcos. Inhame e batata cozida, venham comer.
 Quadrinho 53
                      Legenda: No dia seguinte o serviço continuava.
                      Balão: Hora de levantar para trabalhar.
 Quadrinho 54
                      Legenda: Levar milho debulhado para a atafona e trazer farinha para pão e
                                       polenta, era outra serviço rotineiro para o pioneiro.    
                      Balão: Este cavalo é bem forte.
 Quadrinho 55
                     Legenda: Todos os dias, a mesma coisa.
                     Balão: Muito trabalho.
 Quadrinho 56
                     Legenda: Mas o pioneiro nunca desistiu.
                     Balão : Aqui a terra é boa, é um bom lugar para trabalhar e progredir.
 Quadrinho 57
                      Balão: E para criar minha família, conviver com os amigos e viver feliz.
                                       FIM.                      
--------------------------------------------------------------------------------

      Crônica 3
     Animosidade com índios.
 Quadrinho 1
                   Legenda: Por volta do ano 1896 o pioneiro Augusto Peters foi flechado por índios
                                    no local onde hoje é Pouso Redondo.
                   Balão: Aiiii...
 Quadrinho 2: Imediatamente apeou do cavalo, sacou sua arma e disparou um tiro para o
                          alto em direção de onde a flecha partiu.                   
                   Onomatopeia: Bang
Quadrinho 3
                   Legenda: Normalmente os índios só atacavam quem lhes havia feito mal, o que
                                    não era comportamento de Augusto.   
                   Balão 1: Por sorte pegou de raspão.
                   Balão 2: Agora estes índios estão atacando todos os colonos.
 Quadrinho 4
                   Legenda: Mas depois de algumas brigas e  mortes entre índios e colonos,
                                   a intriga tornava-se cada vez mais acirrada.
                   Balão: Está muito perigoso andar a cavalo sozinho.
 Quadrinho 5
                   Balão 1: Já me roubaram algumas mulas, querem para comer...
                   Balão 2: Que coisa.
 Quadrinho 6
                   Balão: Tenho que andar com os olhos bem abertos.
 Quadrinho 7
                   Legenda: Noutra ocasião, quando Augusto caçava porcos no mato, junto com seu
                                    filho e seu  cachorro, pressentiu presença de índios por perto.
                   Balão 1: Silencio filho.
                   Balão 2: Vamos nos esconder.
                   Onomatopeia: Au, au
Quadrinho 8
                   Balão 1: Parece ter alguns índios nas imediações.
                   Balão 2: Quieto cachorro.
                   Onomatopeia: Au, au
 Quadrinho 9
                   Balão: Vamos pegar os porcos e sair rápido daqui.
                   Onomatopeia: Au, au
 Quadrinho 10
                    Legenda: Nisso Augusto disparou a espingarda para o alto.
                    Onomatopeia: Bang
                    Balão 1: É um aviso, caso tenha, realmente, índios por perto.
                    Balão 2: Certo pai.
 Quadrinho 11
                     Legenda: Augusto pegou um porco e o amarrou cruzado as costas, seu filho fez o
                                      mesmo, e saíram rapidamente de onde estavam, a espingarda numa
                                      mão e o facão noutra abrindo picada no mato.
                     Balão 1: Vamos com bastante atenção, olhando ao redor, escutando barulhos
                                    estranhos.                      
                     Balão 2: Certo pai.
 Quadrinho 12
                     Legenda: Augusto só atiraria contra um índio em caso ter que defender própria
                                      vida, do contrário, praticava  o contato pacífico com os Xoklengs.
                      Balão 1: Não quero brigar com índios.
                      Balão 2: Certo pai.
 Quadrinho 13
                      Legenda: Andando rapidamente por picadas por eles abertas no meio do
                                       mato, as vezes pelas margens dos ribeirões, os dois homens
                                      continuavam apressados e firmes.
                      Balão 1: Estamos quase chegando.
                      Balão 2: Certo pai.
 Quadrinho 14
                      Legenda: Logo estavam em casa.
                      Balão 1: Rápido, todos para dentro.
                      Balão 2: Fechem portas e janelas.
 Quadrinho 15
                      Balão: Vamos fazer silencio.
 Quadrinho 16
                      Legenda: As horas passavam...
                      Balão 1: Parece que tudo está normal.
 Quadrinho 17
                      Legenda: E os índios não apareceram.
                      Balão: Talvez não estavam com vontade de atacar.
 Quadrinho 18
                      Balão: Talvez, nos estudavam, apenas.
 Quadrinho 19
                      Balão: Queriam saber nosso ponto fraco.
 Quadrinho 20
                      Balão 1: Por isso, para garantir, precisamos estar sempre com armas por
                                  perto.
                      Balão 2: Certo pai.
 Quadrinho 21
                      Legenda: Na proteção do lar, Augusto preocupava-se.
                      Balão:  Esta intriga entre índios e colonos está virando guerra.
 Quadrinho 22
                      Legenda: Meditava.
                      Balão 1: Com aumento de Europeus chegando para esta região, a tendencia é
                                   piorar.
                      Balão 2: Muitos morrerão.
 Quadrinho 23
                      Legenda:Os índios da região onde Pouso Redondo se formou, como todo Brasil,
                                      viveram sua cultura durante séculos, sofrendo mudança brusca com a
                                      chegada do colonizador europeu nas suas terras.                    
Quadrinho 24
                      Legenda:Assistiram legião de homens armados derrubando sua floresta.
 Quadrinho 25
                      Legenda:Matando os animais que lhe servia de alimento.
 Quadrinho 26
                     Legenda: Incendiando suas moradias de palha e construindo casas de tijolos no
                                      lugar.
 Quadrinho 27
                     Legenda: Fazendo plantações nas suas propriedades sem lhe pedir licença.
 Quadrinho 28
                      Legenda: Isto logicamente desagradou o povo que nas terras habitava.

 Quadrinho 29
                      Legenda: Povo guerreiro, tinham suas próprias leis,  partiram para a luta...
 Quadrinho 30
                       Legenda: Com objetivo de expulsar o europeu das suas terras.
 Quadrinho 31
                       Legenda: Empreitada que logo transformou-se num grande malogro...
 Quadrinho 32
                       Legenda: Suas armas, flechas, lanças, atabaques, não era páreo para os
                                        revolveres, espingardas e rifles dos europeus.
 Quadrinho 33
                      Legenda: Não demorou muito  para perceberem que jamais conseguiriam
                                      expulsar o europeu com suas armas.
 Quadrinho 34
                      Legenda: Na luta, a população dos botocudos diminuía rapidamente.
 Quadrinho 35
                      Legenda: Não era só armas que matava índios, as doenças dos brancos
                                      matava muito mais, principalmente, velhos e crianças.
 Quadrinho 36
                      Legenda: Os índios passaram a temer o europeu, e, a fazer suas moradias cada
                                       vez mais para o centro da floresta, longe do homem branco.
 Quadrinho 37
                      Legenda: Ocuparam grutas naturais nas encostas da serra para dificultar e ver
                                       aproximação dos europeus.
 Quadrinho 38
                       Legenda: Passaram morar em áreas distante das vilas habitadas por brancos.
 Quadrinho 39
                      Legenda: Mesmo assim, estavam sempre vigiando os passos do homem branco.
 Quadrinho 40
                      Legenda: E, com flechas e tacapes, faziam ataques esporádicos aos brancos,
                                       como pilhar tropeiros que se aventuravam nas picadas no meio da
                                        mata fechada.
 Quadrinho 41
                       Legenda: Atacavam e matavam colonos para roubar ferramentas, armas e
                                        animais.
 Quadrinho 42
                       Legenda: Durante décadas a animosidade só aumentava...
 Quadrinho 43
                       Legenda: Isto preocupava o velho Augusto.
                       Balão: Isto vem piorando há muito tempo.
 Quadrinho 44
                       Balão: Como resolver a questão?
 Quadrinho 45
                       legenda:Esta preocupação não era só de Augusto, era também das autoridades
                                     brasileira.                
                       Legenda: Nossa questão indígena nos dá dor de cabeça.
 Quadrinho 46
                       Balão: Como resolver?
 Quadrinho 47
                       Legenda: Enquanto isso, nas beiras das picadas de Blumenau passando por
                                        Pouso  Redondo, as cruzes indicando  mortos, aumentava.
 Quadrinho 48
                      Legenda: Nestes locais, o índio demonstrava preferencia para atacar o branco.
 Quadrinho 49
                      Legenda: O europeu, em represália,  passou a organizar grupos armados para
                                       caçar o índio.
 Quadrinho 50
                      Legenda: Nestes ataques, invadia aldeias para massacrar, sem dó, homens,
                                       mulheres, velhos e  crianças.
 Quadrinho 51
                      Legenda: Incendiava as cabanas.
 Quadrinho 52
                      Legenda: Após estes ataques, muitas vezes partia levando algumas meninas e
                                      alguns meninos...
 Quadrinho 53                                     
                      Legenda: para servirem de escravos.  
 Quadrinho 54
                      Legenda: Com aumento dessas expedições armadas, reduziu drasticamente a
                                       população indígena na região.  
 Quadrinho 55
                     Legenda: Etnias inteira desapareceu.
 Quadrinho 56
                     Legenda: Religiões,
 Quadrinho 57
                     Legenda: línguas faladas faladas durante seculos, com remanescência milenar,
 Quadrinho 58
                     Legenda: Danças,
 Quadrinho 59
                     Legenda: Artes   
 Quadrinho 60
                      Legenda: Arquitetura extrativista,
 Quadrinho 61
                      Legenda: e, a original engenharia para construir pontes.            
  Quadrinho 62
                      Legenda: Na guerra do domínio da terra, o índio foi o grande perdedor.
  Quadrinho 63
                      Legenda: Cedeu lugar a uma nova era pelo aproveitamento das riquezas da
                                       terra.
 Quadrinho 64
                      Legenda: Pelo poder produtivo que a terra tem.
 Quadrinho 65
                      Legenda: Pelo crescimento de cidades, como de Pouso Redondo e de todas as
                                      outras cidades brasileiras.
 Quadrinho 66
                      Legenda: Tudo de forma ativa e constante, desde os tempos do pioneiro
                                       Augusto Peters até hoje.               
                                                         FIM.



     Crônica 4
                Povo festivo.
  Q. 1      Leg.: Em 1933, quando a vila Pouso Redondo passou a distrito de Rio do Sul, muitos
                    parentes e amigos visitaram seus moradores.
          Bal. : Viemos para a festa do distrito.
 Q.2
         Leg.:Entre os quais, parentes de Leopoldo Peters, de Blumenau    
         Bal. 1: Como está primo Leopoldo?
         Bal. 2: Tudo está bem, que bom que vieram para nossa festa.
 Q.3
        leg.:Com a chegada das visitas, conversaram bastante e rapidamente, como era costume,
                as mulheres foram para a cozinha.
        Bal.:Vamos preparar um banquete delicioso.
 Q.4
       leg.:Já, os homens, foram para a varanda da casa tomar cerveja caseira trazida pelos
               visitantes de Blumenau.
       Bal.1: Esta cerveja foi feita com ingredientes vindos da Alemanha.
       Bal.2: Está deliciosa.
 Q.5
      Leg.:Nisso  ouvi-se uma voz divertida vindo da cozinha, era Frida que dizia:
      Bal.1: Ei, nós também queremos experimentar a cerveja!
      Bal.2: há,ha,ha...
      Bal.3: é,eh,eh.eh...
 Q.6
     Bal.1:Desculpa mulheres.
     Bal.2:Ah,ah,ah...
 Q.7
      Leg.: Assim, o dia passou e, à noite, todos sentaram-se ao redor da mesa para comer
               fartamente.         
      Bal.1: Este porco assado ficou no ponto.
      Bal.2: Adora porco assado.
      Bal.3:Vamos beber mais cerveja.
 Q.8
      Leg.:Os vizinhos também estavam presentes.
      Bal.1: Seu... vamos experimentar este churrasco.
      Bal. 2: Obrigado seu...
      Bal.3:Seu...pega mais cerveja.
 Q.9
      Leg.: Após o jantar, as mesas foram retiradas da sala para um baile começar.
      Bal.:O gaiteiro já está aqui.
 Q.10
       Bal.: Vamos dançar até o amanhecer.
 Q.11
        Bal.:Que beleza.
 Q.12
        Bal.1:Iahuuu.
        Bal.2:Vamos lá.
 Q.13
        Leg.: Bailes era um evento social muito apreciado nos tempos da colonização de Pouso
                 Redondo, nestas ocasiões  todos vestiam-se com suas melhores roupas.
        Bal.1: Olha a beleza da roupa do...
        Bal.2: E o ...então
        Bal.3: há, há, há...
        Bal.4: Sei, sei, vocês estão  brincando, para, seus gozadores.
Q.14
        Leg.: Enquanto os homens se divertiam, as mulheres caprichavam na maquiagem.
        Bal.1: Este pó de arroz alemão, minha prima trouxe de Blumenau para mim.
        Bal.:2: Este batom vermelho é o máximo.
 Q.15
        Leg.:Naturalmente, como era costume por estas épocas, as mulheres ficavam num lado
                 do salão e os homens noutro, só se uniam para dançar.
        Bal.1: Aceita dançar comigo?
        Bal.2: Sim.
 Q.16
        Leg.: Dançar era muito mais do que apenas diversão, estava relacionado com a
                 integração das pessoas e da formação das famílias.
        Bal.1:Este vestido ficou lindo em você.
        Bal.2: Ah, obrigada.
 Q.17
        Leg.: Muitos casais fortaleceram seus sentimentos amorosos dançando nestes bailes.
        Bal.1: Adoro dançar com você.
        Bal.2: Eu também.
 Q.18
        Leg.:Depois dos bailes, os casais voltavam a se encontrar na igreja, no terço de domingo
                de manhã.
        Bal.1:Olá...
        Bal.2: Olá...
 Q.19
        Leg.: Tinha ainda as famosas “surpresas”, ou seja, na noite do aniversário de alguém da
                 comunidade todos se reuniam para acordar o festejado com bebidas, comidas e
                 músicos prontos para abrilhantar um baile na casa do aniversariante.
        Bal.1: Viva o seu …
        Bal.2:Eu nunca iria imaginar uma coisa destas...estou emocionado.
 Q.20
       Leg.:Geralmente o dono da casa sabia da “surpresa”e partia para o chiqueiro para
               matar um porco e algumas galinhas,ou patos, perus, gansos, reservados presos
              anteriormente.
       Bal.1: Nós vamos ajudar o compadre.
       Bal.: E nós vamos ajudar a comadre.  
  Q.21
       Leg.: O porco era rapidamente carneado.
       Bal.1: Este leitão está bem gordo.
       B2:É, foi criado a inhame e batata doce.
 Q.22
       Leg.: As galinhas depenadas.
       Bal. 1:Que carijós bonitas, comadre.
       Bal.: Obrigado comadre.
 Q.23:
       Leg.: Enquanto isso, alguns homens preparavam o fogo para assar o porco e as aves.
       Bal.: Deixa o fogo pra nós.
 Q.24:
         Leg.: Na cozinha, já tinha mulheres ocupadas em preparar cucas e bolos para a ceia da
                   madrugada.
         Bal.: Adoro estas festas surpresas.
 Q.25
        Leg.: Na sala, o gaiteiro estava empolgado tocando sem parar, casais dançavam, e assim
                 a alegria iria até o amanhecer.
        Bal.: Viva o aniversariante !
 Q.26
       Leg.: Depois do café da manhã, por volta das sete horas, todos voltavam para suas casas.
       Bal.1: Obrigado pela surpresa.
       Bal.2: Voltem sempre.
 Q.27
       Leg.: Alguns montados nos seus cavalos.
       Bal.: Vamos lá tordilho.
 Q.28
       Leg.:Outros com a família nas carroças.
       Bal.:Eita cavalos.
 Q.29
       Leg.: Com suas “aranhas”(charretes).
       Bal.: Vamos lá pampo velho.
 Q.30
       Leg.: Nos carros-de-molas (carruagens).
       Bal.:No banco de trás tem um cobertor, se alguém quiser pode dormir aí.
 Q.31
        Leg.: Vamos com cuidado pelo meio do mato.
 Q.32
        Leg.: Assim o tempo passava.
        Bal.1:Logo será natal.
        Bal.2: Temos que preparar umas roupas bem bonitas para o baile.
 Q.33
        Leg.:Vinha a páscoa.
        Bal.: Eu vou matar um porco para receber os parentes que virão de Ibirama.
 Q.34
        Leg.: Festas de noivados.
        Bal.1: Aceita casar comigo?
        Bal.2: Ai..amor...sim...
 Q.35
       Leg.: Preparação de festas de casamentos.
       Bal.: Vou engordar um boi, três porcos, quatro marrecos, três patos e umas quinze
                galinhas. Deve dar para a festa de casamento da minha filha querida.
 Q.36
      Leg.: No dia do casamento, a irmã mais velha elogiava a noiva.
      Bal.: Este vestido está lindo em você. Estou emocionada.
 Q.37
      Leg.: A mãe também.
      Bal.: Minha filha você está linda demais.
 Q.38
      Leg.: No hora do casamento, era comum a noiva chegar num carro-de-molas todo
               enfeitado  de flores, emocionando os convidados.
  Q.39
      Leg.: Depois dos noivos casarem na igreja, tinha a festa e o baile de casamento.
     Bal.: Que festa emocionante.
 Q.40
       Leg.: Nos bailes, sempre tinha anúncios de novos noivados.
       Bal.: Aproveitando o casamento dos nossos amigos, queremos anunciar o nosso noivado.
 Q.41
       Leg.: O nascimento dos filhos também era festejado
        Bal.: No domingo, vá lá em casa almoçar, vou fazer a festa de batizado do pequeno
                  Aroldo.
 Q.42
        Leg.: Claro, almoço com muita carne assada.
        Bal.1: O compadre acertou no tempero do porco assado.
        Bal.2: Eu gosto do pernil.
        Bal.3: Este pato assado está demais, delicioso.
 Q.43
        Leg.: Nesta comunidade unida tudo era motivo de festas.
        Bal.: Vamos festejar São João.
 Q.44
       Leg.: Festa de Santo Antônio.
       Bal.: É pra muereda arrumá casório, sô.
Q.45
      Leg. São Pedro.
      Bal.: É  um bom santo, então vamos dançar e festejar.
Q.46
      Leg.: São Sebastião.
      Bal.: Padroeiro da comunidade, merece uma grande festa.
Q.47
      Leg.:Virgem Maria.
      Bal.: Vamos todos para festa ajudar a igreja.
 Q.48
      Leg.: Assim, mantendo costumes, o município de Pouso Redondo se desenvolveu, as
                pessoas se integraram formando famílias e  fortaleceram laços de amizades na
                comunidade, algo que continua até hoje.
     Balão múltiplo: Aqui nós gostamos da família e dos amigos.
                        FIM

 
      Crônica 5
         Extrativismo madeireiro.

Q1

      L: Durante muitos séculos o povo Xokleng viveu na mata atlântica como nômades,usando

           o leito dos rios para movimentarem-se na floresta fechada.

 Q2

      L: Estas áreas eram consideradas desabitadas, e, incentivado por políticas do governo

           brasileiro, foram ocupadas pelo imigrante europeu.

 Q3

     L: Ao chegar nas novas terras, como primeiro passo, o imigrante europeu derrubou

         árvores,

 Q4

     L: abriu picadas,

 Q5

     L: e, serrou madeira, inicialmente de forma braçal, para construir suas casas e fazer

      melhorias  na nova propriedade.

 Q6

      L: Com a riqueza madeireira das florestas do sul do Brasil, logo o colonizador europeu

           estava serrando madeira em serrarias movidas a rodas d'água.

 Q7

     L: Ou, em serrarias movidas a vapor, como a do empreendedor Gottleib Reif, em 1909,

          primeira serraria de Pouso Redondo.

 Q8

     L: Reif, importou da Alemanha a caldeira a vapor para sua serraria.

 Q9

     L: A enorme máquina a vapor, foi transportada de Rio do Sul até Pouso Redondo por

          via  fluvial, numa balsa feita especialmente para este fim.

 Q10

      L: Nesta perigosa aventura épica, foi preciso muita persistência e coragem.

 Q11

       L: Durante semanas, a máquina foi transportada lentamente até o destino as margens do

            rio das Pombas.

 Q12

       L: Tão logo instalada, a máquina começou a serrar madeira, primeiro para sua família,

 Q13

       L: Depois para os outros pioneiros que se instalavam na região, vindos da Alemanha,

            Itália, Polônia....

 Q14

       L: Não demorou muito, Gotleib estava vendendo madeira para localidades vizinhas,

            como: Rio do Sul, Lages, Curitibanos, Blumenau, etc.

 Q15

       L: Nos anos 1920, os negócios madeireiros do sr. Reif estava em pleno crescimento, era

            grande os serviços na serraria.

 Q16

       L: Com a abertura de picadas para carroções transportarem mercadorias e a ferrovia

            com trens chegando até Rio do Sul, dali Reif enviava madeira selecionada até Itajaí

            para ser  embarcadas em navios com destino a Europa.

        L: Madeira muito procurada, a canela era valorizada para construções de casas.

 Q17

        L: O mogno para móveis,

 Q18

        L: O sassafrás para extrair óleo,

 Q19

        L: O ipê para fazer rodas de carroças,

 Q20

        L: E o pinheiro brasileiro, araucária, apreciada pelos países da Europa importadores da

             madeira da região central de Santa Catarina.

 Q22

       L: Durante décadas o extrativismo madeireiro manteve-se em crescimento na região de

           Pouso Redondo.

 Q23

       L : A riqueza da mata parecia nunca acabar.

 Q24

       L: O transporte da madeira era de forma rudimentar, no início arrastando as toras com

            tração animal,

 Q25

       L: Depois, tratores é que rebocavam as toras,

 Q26

       L: Ou, sendo transportadas em caminhões até serraria.

 Q27

       L: Logo, estes enormes caminhões dominavam as estradas poeirentas da região de Pouso

            Redondo.

 Q28

       L: O progresso era contínuo, muitas famílias estavam envolvidas no negocio madeireiro,

            e  no  no transporte da madeira.

 Q29

       L: Diversas serrarias familiares surgiram: Serraria família Edlas;

 Q30:

       L: Claudino dos Santos;

 Q31

       L: Chiqueto;

 Q32

       L: Schultz.

 Q33

       L: Nos anos 1940, surgiu em Pouso Redondo um caminhão-serraria que chegava ao local

            da derrubada das árvores no próprio mato.

       B1: Este caminhão é uma maravilha dos Estados Unidos, ele chega até as árvores e faz o

             serviço de uma serraria.

       B2: A madeira já sai serrada do mato.

 Q34

       L: A madeira nobre de Pouso Redondo enriqueceu madeireiros.  

 Q35

       L: A qualidade só fazia aumentar a demanda.

 Q36

       L: Surgiram marceneiros especializados na construção de casas,

 Q37

       L: Móveis,

 Q38

       L: E barcos em Ítajai.

 Q39

       L: A madeira nobres das matas de Pouso Redondo encontrava-se agora nas paredes e

           assoalhos em casas na Alemanha,

 Q40

       L: E em  igrejas na Itália.

 Q41

       L: Cada vez mais o desmatamento avançava para regiões inóspitas de Pouso Redondo.

 Q42

       L: Merece destaque o corte de árvores nas encostas...

 Q43

       L: Nas serras de difícil acesso.

 Q44

       L: Nestes locais, além da dificuldade da derrubada das árvores...

 Q45

       L: Havia o problema de como tirar a madeira do local, só possível com boas parelhas de

            cavalos, ou tratores.

 Q46

       L: Após décadas, iniciou o declínio do ramo madeireiro em Pouso Redondo, já não havia

            mais matos de canelas, sassafrás, mogno e pinheiro.

 Q47

       L: As serrarias entraram em declínio.

 Q48

       L: Muitas viraram ruínas.

 Q49

       L: Outras se adaptaram ao beneficiamento da madeira reflorestada.

 Q50

       L: Aquela floresta fachada de árvores nobres, virou lembrança daqueles que a viram, ou

           com ela conviveram.

       B: Tinha árvores tão grossas que derrubada ninguém conseguia movê-la. Muitas foram

             incendiadas para dar espaço na terra.

 Q51

       L: Agora a rica floresta de Poso Redondo, vive apenas como relato histórico de uma

            região em desenvolvimento contínuo.

       B: Nunca mais se verá por aqui um pé de canela com a circunferência que nem cinco

             homens conseguia abraçá-la.

                       FIM        




  Crônica 6
  Pescaria no Rio das Pombas.
Q1
      L: Este é o Rio das Pombas em 1909, assim conhecido pela alta quantidade de
          columbídeos (rolas) encontrado nas suas margens.
 Q2
      L: Rio estreito, profundo, escuro, cheio de curvas e redemoinhos.
 Q3
      L: Nas suas margens vivia, alem das rolas, muitos outros animais e pássaros.
 Q4
      L: Felídeos (onça-pintada),
Q5
      L: Suçuaranas (onça-parda),
 Q6
      L: Jaguatiricas,
 Q7
     L:Ungulados da família dos cervos (veados),
 Q8
     L: Jacutingas,
 Q9
     L: Tucanos, sabiás,
 Q10
      L: Gaviões,
 Q11
      L: E, índios.
 Q12
       L: Andar na sua margem, ou nadar nele, poderia ser muito perigoso para quem não o
           conhecesse.
       B:É um rio fundo com muitos  redemoinhos.
 Q13
       L:Com tanta beleza e, apesar dos perigos, os pioneiros de Pouso Redondo pescavam
          e nadavam constantemente no Rio das Pombas.           
       B1:É um local muito bom para pescar, tem poços bons para nadar.
       B2: Tem muito peixe.
       B3: Mas, tem que se estar armado, porque índios costumam andar por aqui.
 Q14
       L: A fartura de peixes impressionava.
       B: Se tiver paciência, pega-se muitos peixes.
 Q15
       L: Pesca-se muitas traíras,
       B1: Umas enormes.
       B2:As pequenas deve-se soltar de novo na água.
 Q16
       L: Carás,
       B: Adoro fritos com polenta e salada de radite.
 Q17
       L: Piavas,
       B: Como aperitivo, uma delícia.
 Q18
       L: Jundiás,
       B: Frito no jantar, com pão de milho, hum.
 Q19
       L:Tajabecos,
       B: Fritos inteiros e com pirão.
 Q20
       L: Cascudos,
       B: Para fazer caldo com tomate silvestre, não tem nada melhor.
 Q21
       L: Mandis
 Q22
       L: Para apanhar-vos, os habitantes confeccionavam jequis de taquaras e, ao amanhecer,
            os armava em locais estratégicos no rio.
       B: Vamos ver quais peixes pegaremos.
 Q23
       L: Era comum apanhar diversos peixes com esta técnica.
 Q24
       L: Também pescavam com tarrafa,
 Q25
       L: Ou anzóis.
       B: Vamos armar o espinhel.
 Q26
       L: Naquele dia, após uma forte chuva de verão, quando a água do rio ficou barrenta, os
            primos Bruno, Felisberto e Aroldo, cavaram minhocas pois sabiam que no anoitecer
            pegariam muitos jundiás.
        B1:Vamos pegar a batera e subir o rio para pescar naquele poção.
        B2: Lá é que dá jundiás grandes.
 Q27
        L: Remando a canoa do pai do Bruno, totalmente em silencio, partiram ao local da
            pescaria.
        B1: Vamos remando sem muito barulho.
        B2: Não vamos alertar os índios, nem os jundiás.
 Q28
        L: No caminho assistiram a revoada das rolas com seu bater característico de asas ao
             levantar voo.
        O:Hu, hu.. prrraaattt
 Q29
        L: Viram macacos vermelhos, os bugios, fazendo algazarra nos galhos da enorme árvore
            de gabiroba.
        B: Macacos danados, vão espantar os peixes.
 Q30
    L:  Após uma forte chuva a correnteza fica forte, por isso tem que se ir remando pelos
         lados do rio, aonde a água é mais calma, os primos sabiam disso.
    B1:Logo chegaremos.
    B2: É ali, após aquela curva, debaixo da enorme árvore canela.
Q31
     L:Ao chegar no local, amarraram a batera numa raiz de ingá e iniciaram a pescaria.
 Q32
     L: Logo os peixes começaram a beliscar os anzóis.
     B: Vejamos quem pesca o primeiro.
 Q33
     L:Nisso, Aroldo pescou um jundiá, bem grande.
     B1: Oooba.
     B2: Beleza.
 Q34
     L:Não demorou muito e todos estavam pegando muitos peixes.
 Q35
     L: Uma traíra.
     B: Olha que grande.
 Q36
      L: Outro jundiá.
 Q37
       L:  De repente,
        B1: Peguei um cágado.
        B2: Vou soltar este danado.
 Q38
       L: E,
       B1: Uma enguia, vou soltar.
       B2: É, o rio está cheio de pescadores, he,he.
 Q39
       L: Duas horas depois os primos já tinham pescado o suficiente para um fausto jantar.
       B1: Vamos para casa fazer uma grande fritada de peixes.
       B2: Já estou com água na boca.
  Q40
        L:Como a escuridão tomou conta do rio, Felisberto acendeu o lampião a querosene que
            trazia.
        B: Agora podemos ver melhor.
 Q41
        L: A  luz do lampião iluminou o rio e as árvores ao redor.
        B1: Cuidado com aquele galho.
        B2: Com este silencio, e a noite, o rio fica mais enigmático.
        B3: e mais assustador.
Q42
        L: Ao chegar em casa, estavam aliviados por nada de grave ter acontecido,
            elogiavam a fartura de peixes no Rio das Pombas, e uma hora após o jantar, todos
            estavam nas suas camas para dormir e descansar e, para estarem prontos a novas
            aventuras emocionantes no dia seguinte.
        B1: Boa noite Bruno.
        B2: Boa noite Felisberto.
        B3: Boa noite Aroldo.
        O: Zzzzzzzzz....
             FIM


       Crônica 7
       Vaca fujona.
Q1
     L:Os pioneiros de´Pouso Redondo tinham nos animais sua principal subsistência, por isso
         criavam diversos tipos nas suas propriedades.
 Q2
     L: Cavalos para tração na lavoura,
 Q3:
     L:Também para montaria e para passear de aranha (charrete)
 Q4
     L: Vacas para tirar leite,
 Q5
     L: Porcos para carne, linguiça e torresmo,
 Q6
    L: Galinhas,
 Q7
    L: Patos,
 Q8
    L: Gansos,
 Q9
    L: Para ovos e carne.
 Q10
    L: Assim, com suas criações de animais, os pioneiros mantiveram-se trabalhando na terra.
    B: Para nós o animal é tudo, por isso cuidamos bem deles.
 Q11
    L: A vaca tem nome,
     B: Vem boneca, vem.
 Q12
      L: O galo,
      B: Aqui tic- tac, aqui, vem, tic-tac.
 Q13
      L: O cavalo,
      B1: Meu Sânio, cavalo mais forte mundo
      B2: Cavalo bonito.
 Q14
      L: Os cachorros também recebiam nomes.
      B1: Fiu, fiu, mordedor, vem comer.
      B2: Cô, cô, nero, cô, cô, fiu, fiu, vem nero, vem.
 Q15
      L: Só não recebia nomes aqueles animais destinados a servirem de alimentos.
      B1:Para porcos, não dou nomes.
      B2: Nem para galinhas.
 Q16
      L: O controle alimentar dos animais era levado a sério, eles eram alimentados sempre nos
           mesmos horários, todos os dias.
       B1: As galinhas, as vacas e os cavalos são tratados de manhã e ao anoitecer.
       B2: Cachorros ao meio dia.
Q17
     L: A maioria dos animais era criado sotos na natureza, menos as vacas, o touro e os
          cavalos  que viviam confinados entre cercas de arame farpado.
     B: As cercas tem que serem bem fortes para nenhum animal fugir.
 Q18
      L: Mesmo assim, comumente algum animal conseguia fugir, por um motivo ou outro.
      B: Pra romper esta cerca, apenas quedas de árvores ou enxurrada com
          desbarrancamento.
 Q19
      L: E, foi isto que aconteceu numa noite de muita chuva, de manhã, a vaca boneca havia
            fugido. Imediatamente Peters falou a esposa:
      B: O problema é se ela ir para o meio do banhado em busca de capim, ou comer erva
           venenosa no mato.
 Q20
      L: Isto preocupava o pioneiro,
      B1: Pode ficar atolada até morrer.
      B2: Não posso perder esta vaca, precisamos dela para o leite, a manteiga e o queijo.
 Q21
      L: Perigo maior era a boneca ser encontrada antes pelas onças, ou pelos índios.
      B: Para este caso, levo esta espingarda carregada,
 Q22
      B1: Este punhal,
      B2: E esta cartucheira cheia de cartuchos que eu mesmo preparei.
 Q23
     L: Assim armado, Peters procurava sua vaca em diversos lugares.
     B1: Preciso encontrar boneca antes do anoitecer.
     B2: No canavial, não está.
 Q24
      L: Por sorte, não se atolou no banhado.
 Q25
      L: Procurou nas plantações, e como temia, encontrou boneca comendo e
          destruindo sua roça de milho.
      B1: Eu sabia, atacou o milharal, vaca fujona.
      B2: Que barbaridade, destruiu diversos pés de milho, que coisa boneca.
 Q26
       L: Peters, passou o laço em volta do pescoço de boneca,
       B1: Vamos boneca, vamos para casa.
       B2: Chega de destruir o milharal.
 Q27
       L: Com a espingarda a tiracolo, puxando sua vaca, Peters voltava pensativo,
       B1: Preciso consertar a cerca.
       B2: Da próxima vez  boneca, ou um cavalo, pode ser comido pelas onças ou pelos índios.
 Q28
       L: Ainda assim, o prejuízo foi pequeno.
       B: Ainda bem que o cavalo não fugiu e nem o touro.
 Q29
       B1: Isto não pode voltar a acontecer.
       B2: Não posso perder nenhum animal.
 Q30
       B1: Porque aqui, animais é essencial para nossa sobrevivência.
       B2: São muito importantes e tem muito valor.
       B3: E, nós gostamos deles, são como membros da família.
              FIM
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 

   Crônica 8       
    A invasão das corujas na torre da igreja.
 Q1
      L:Este pequeno lugar é Corruchel, município de Pouso Redondo, no final dos anos
          1960.
 Q2
      L: Habitado por agricultores e criadores de gado leiteiro.
 Q3
      L: Naquela época, era motivo de alegria ter uma linha de ônibus passando em frente as
           as casas duas vezes ao dia.
 Q4
     L: Bem como o time de futebol Guarani, adorado pelos moradores.
Q5
     L: A igreja, construída em mutirão pela comunidade, enchia todos de orgulho pela bela
          visão em cima de um elevado.
 Q6:
     L:O badalar do sino emocionava, ninguém conseguia explicar a razão.
 Q7
      L: Nesta época, algo muito estranho começou acontecer dentro da igreja: os bancos
           começaram amanhecer sujos de um produto desconhecido de cor branco, gosmento e
           muito fedido.
       B: Que porcaria é isto?
 Q8
     L: Parecia obra de algum passarinho peralta num momento de aperto fisiológico, mas
         a dúvida era saber qual ave estava fazendo tamanha barbaridade.
 Q9
     L: Será morcegos?
  Q10
        L:Gaviões?
  Q11
        L: Canarinhos?
 Q12
       L: Andorinhas?
 Q13
       L: João-de-barros?
 Q14
       L: Ou será corujas?
 Q15
       L: Esta última, a mais suspeita, já que em noites de lua cheia era vista voando em bandos
            em volta da torre.
 Q16
       L: Era comum, nas madrugadas destas noites claras, ver corujas pousadas na parte mais
           alta da torre.
 Q17
       L: nas telhas da cumeeira da igreja,
 Q18
       L: Voando ao redor da enorme construção,
 Q19
       L: Dentro dela,
 Q20
       L: Pousavam no altar,
 Q21
       L:Na escadaria em caracol,
 Q22
      L: No parapeito do mezanino,
 Q23
       L: E, onde pousavam, sujavam,
 Q24
       L: Com fezes fedidas
       B: Quanta porcaria.
 Q25
       L: misturadas a penas,  
       B: Fui...que nojo.
 Q26
       L: Restos de ratos podres,
 Q27
       L: Com isso as corujas afastavam os fies da igreja.
 Q28
       L: Então, numa noite, quando o folclórico, irritadiço e gago padre João, da igreja matriz
            de Pouso Redondo,  badalava o sino chamando os párocos para a missa do sábado a
            noite antes da festa anual de São Sebastião, caiu fartamente na sua testa um espeço
            líquido branco, que se pode chamar de gota d'água do problema, e, logo no primeiro
             movimento da corda.
        O: Splechhhhh.
        B: S san santo dio, que q q que é isto pai do c c céu?
 Q29
       L: Imediatamente interrompeu sua divina tarefa.
     B1: Q q que se pa pa passa?
     B2: Q q quem o o ou ousa interromper m m meu sagrado tr tr trabalho?
 Q30
     B1: O o  o que?  co,cocô de coruja?será coisa do s s sa satanás?
     B2: Q q que inferno, isto tem que a a acabar.
     B3:B b b ba bas bas basta.
 Q31
     L: Depois, gaguejando e esbravejando de nervoso, o sermão da missa de padre João foi
          sobre o desleixo com a casa do senhor.
     B1: E e es  esta i i igreja esta dominada p po po por seres estranhos.
     B2:I i isto é culpa de vocês pe pecadores, ho ho homens que não rezam, mu mu
          mulheres que usam mini-saias, co coi coisa de pe pe pecadores, é o que vocês s s são.  
 Q31
     B: E e esta sujeira é obra de q q quem quer acabar co co com a casa do santo pa pa pai.
 Q32
      B: A a a atrapalhar as doutrinas sa sa sagradas.
 Q33
      B: C c co como penitencia va va vamos nos ajoelhar e r r re rezar.
 Q34
      L: Depois da missa, ao subir na sua aranha para voltar a matriz, padre João deixou
          um recado claro.
       B1: Ti  ti tirem as corujas d da da torre da i i igreja.
       B2: D d d deem um jeito, é é é só o que p pe peço.
 Q35
       L: O nervosismo italiano do padre João era bastante conhecido, ninguém no Corruchel
            gostaria de enfrentá-lo novamente.
       B: Temos que tirar estas corujas da torre da igreja, senão padre João solta os
             cachorros de novo em nós. He,he,he.
 Q36
       L: A ingrata tarefa ficou a cargo das freiras que administravam a igreja e a escola.
       B: Deixem com nós, daremos um jeito.
 Q37
       L: Como lecionavam na escola próxima a igreja, com desculpa de melhorar nota de quem
            participasse, as freiras rapidamente conseguiram alguns intrépidos alunos  para levar
           a cabo a empreitada.
        B1: É simples, vocês vão subir na torre e tirar as corujas de lá.
        B2: Ooooba, deixa com nós professora.
 Q38
       L: Ao chegar na torre, os alunos perceberam que a altura era maior do que parecia.
       B1: Olha só, como é alta.
       B2: Não vai dizer que está com medo.
 Q39
       B1: Medo? Quem está com medo? Não eu.
       B2: Então tá, suba logo, vai, quero ver.
  Q40
        L:Carlinhos, o garoto que subia a escada, só tinha medo do que poderia cair na sua
            cabeça.
         B: Não quero a cabeça suja igual ficou a careca do padre  João. He,he,he.
 Q41
       L:Ao chegar na parte interna mais alta da torre, Carlinhos avistou o sino todo sujo, de
           dar dó, com as fezes das corujas.
       B1: Que porcaria.
       B2: Que cheiro de podre.
 Q42
       L: A curiosidade daqueles que seguravam a escada era grande.
       B1: Você está vendo algum ninho?
       B2: Tem muitas corujas aí em cima?
  Q43
        B1:Vejo vários ninhos .
        B2:Alguns com ovos.
        B3: Tem filhotes também.
Q44
       B:Algumas corujas ainda estão aqui.
 Q45
       B: Outras voaram, meio as cegas, para árvores perto.
Q46
       B:E agora, o que faço?
 Q47
       L: Nisso ouviu-se a voz de irmã Maria, a freira que coordenava toda a operação.
       B1: Deprede os ninhos, coloque os ovos numa sacola e traga para baixo.
       B2: Faça as corujas sair daí.
       B3: Coloque os ninhos com filhotes no lado de fora, as corujas que se virem.
 Q48
       L:  Foi o que Carlinhos fez.
       B1: Vou fazer o que mandaram e, sair logo do meio desta catinga.
       B2: senão vou vomitar.
Q49
       L: Os depredados ninhos com filhotes, Carlinhos colocou-os para o lado de fora pela
            pequena  abertura da torre.
       B: Desculpa corujinhas, aqui não é lugar para vocês.
 Q50
       L1: Com a expulsão das corujas da torre, e com as aberturas lacradas, nunca
              mais se ouviu falar que algum padre sofreu novo incidente desmoralizador tocando o
             sino da igreja do Corruchel.
       B: As corujas nunca mais incomodaram.
       L2: E o folclórico padre João? Nas últimas vezes que foi visto, no início dos anos 1980,
              circulava de jeep pelas estradas do interior do município Pouso Redondo,
              pregando os ensinamentos da bíblia e fazendo campanha pela mudança dos nomes
             dos lugares com referencia a animais (comunidades com nomes de aves, nem pensar,
             chamar-se Coruja então, seria motivo para excomungação). Da sua campanha,
             alguns lugares com nomes de animais foram mudados para nomes de santos. A tifa do
             Ribeirão Veado mudou para Santa Terezinha e a tifa da Piava, agora chama-se
             Santa Rita. Teria isto relação com a invasão das corujas na torre da igreja do
            Corruchel? Ninguém sabe, ninguém viu.              
                       FIM.


      Crônica 9
        Diversão infantil.
 Q1
     L: Em 1971, a diversão dos adolescentes em Pouso Redondo era jogar biblioquê,
Q2
     L: Bola de capotão.
 Q3
      L:Descer morros surfando em cima de canoas do coqueiro geri vá,
 Q4
      L:Construir carros de madeira para descer morros,
      O: Plac.plac,plac...
Q5
      L: E, depois descer corajosamente morros íngremes com carro-de-morro sem freios.
      B: Cuidado aí em baixo, aí vou eu.
      O: Iuuuuupiiii...iiiii.
 Q6
      L: Brincar de tarzã nos cipós do mato no domingo a tarde
      O: Iuuuupiii, auuuuuuaaaauuu.
 Q7
      L:Até, brigar com os amigos(?),
      B1: Eu disse que não é assim, seu boca-aberta.
      B2:Você é que é boca-aberta, toma.
     O: Soc,pá,bum,poft.
 Q8
     L: Mas, legal mesmo era jogar quilicas (bolas de gude) com os amigos.
     B: Vamos jogar quilicas?
 Q9
     B1: Vamos.  As veras?
     B2: Sim.
 Q10
     L: Neste jogo, Marquinhos era craque,
     B1: Só jogo a vera.
     B2: Jogo sempre sério.
 Q11
      L: Ganhava quilicas de todos na escola,
      B1: Estou com os bolsos cheios de quilicas.
      B2: Rapei o Bruno e o Rafael, he, he, he.
 Q12
       L: Marquinhos, não perdoava ninguém,
       B1: Pronto, ganhei.
       B2: Marquinhos não perdoa nem seu primo, snif, snif.
 Q13
       L: Marquinhos só reclamava de uma coisa:
       B1: Devia ter campeonato de quilicas na escola.
       B2: Aí eu poderia mostrar para todos na escola quem é o campeão da quilica.
 Q14
       L: Também defendia:
       B1: Pelo menos deveria ter quadras de quilicas em todas as escolas.
       B2: Jogo de quilicas tem três mil anos, os filhos dos faraós jogavam no Egito.
 Q15
       L: E, sussurrava...
       B1: Ai,ai, com quadra de quilicas na minha escola a Jéssica poderia assistir eu jogar.
       B2: Ai, ai, ela é tão bonita, ai, ai.
Q16
       L: Enquanto Marquinhos sussurrava o nome de Jéssica, ela se divertia jogando peteca
            com suas amigas.
       B1: Não vamos deixar cair.
       B2: Que legal.
 Q17
       L: Pulando corda,
       B: 1, 2, 3, 4.
 Q18
        L: De se esconder,
        B: 48, 49, 50. Lá vou eu.
 Q19
        L: De pegar,
        B: Ninguém me pega.
 Q20
        L: Jéssica brincava sem parar com suas amiguinhas.
        B: Que legal.
 Q21
       L: Depois da brincadeira era hora de todos irem para suas casas.
       B1: Hoje me cansei de jogar quilicas.
       B2: Nós, as meninas, nos cansamos de brincar, foi tão legal.
       B3: Amanhã vamos brincar de novo.
                             FIM.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
      
    Crônica10
    Pelo caminho dos cargueiros até BR 470.
 Q1
    L: Depois de fundada, em 1850, a Colônia Blumenau necessitava de um caminho através
        da mata fechada ligando as vilas de Lages e Curitibanos.
    B: Com um caminho aberto, podemos trazer mantimentos que precisamos.
Q2
    L:Em 1863, a mando de dr. Hermann Blumenau, fundador da Colônia Blumenau, o
       engenheiro Emílio Odebrech embrenhou primeira expedição em canoas pelo rio Itajaí-
       Açu até acima do salto Pilão.
    B1: Vamos remar com vontade, homens.
    B2: Precisamos vencer a forte correnteza.
Q3
    L: Devido falta experiencias com expedições em florestas fechadas, depois de alguns dias,
         os aventureiros retornaram a Colônia Blumenau.
    B1: Temos que nos preparar melhor.
    B2: Não vamos desistir.
Q4
    L: Em 1864, na segunda expedição subindo o rio, Odebrech chegou até além de onde é hoje
         a cidade Rio do Sul.
    B: Preciso anotar tudo no meu diário.
Q5
    L: No ano de 1867, Odebrech, agora preparado e experiente, realiza sua maior expedição,
        desta vez por terra, com burros, beirando o mar até Estreito (hoje Florianópolis), depois
        subindo  um picadão até a vila de Lages, daí até vila de Curitibanos no extremo oeste da
        floresta de araucárias.
   B: Eiiitaaaa, burros, vamos, vamos.
 Q6
    L: Depois de descansar alguns dias na vila Curitibanos, a expedição desceu a serra a pé
         pelos vales do Rio do Oeste e do Itajaí- Açú em direção a Colônia Blumenau.
    B1: Cuidado com a carga.
    B2: Vamos devagar.
    B3: Este perau é bem alto e muito perigoso.
 Q7
    L: Era tempo de inverno com muito frio e dias curtos.
    B1: Esta carga parece muito mais pesada que quarenta e cinco quilos.
    B2: Todos levam o mesmo peso.
    B3: O chefe é que fez as divisões de peso para cada um.
Q8
    L: A expedição era formada por homens dispostos a seguir em frente.
    B1: Vamos andando pela margem do rio.
    B2: Só vamos parar ao anoitecer.
Q9
    L: Nestas paradas, alguns homens armavam as barracas.
    B: Deixa as barracas com nós.
Q10
    L: Odebrech fazia anotações, observava ao redor, em seguida limpava cuidadosamente seus
         instrumentos.
    B1: Sem estes instrumento não consigo fazer medições, são muito uteis.
   B2: Tenho que cuidar bem deles.
 Q11
    L: Outros homens faziam o fogo para preparar o jantar.
    B: Deixa que eu recolho a lenha.
Q12
    L: Enquanto isso, alguns caçavam perto do riacho para conseguir carne.
    B1: Aqui tem muita jacutinga.
    B2: Tatu e porco-do-mato.
    B3: Só temos que cuidar com as onças.
Q13
    L:Num dia, no meio de uma tarde nublada, Odebrech mandou que todos ficassem quietos.
    B1: Parece ter índios por perto.
   B2: Seu Manoel e seu Pedro, venham comigo, vamos examinar.
Q14
    L: Com dois homens e armas em punho, Odebrech afastou-se pelo meio das árvores.
    B: Vamos com cuidado.
Q15
    L: Perto dali, viu de longe um pequeno grupo de índios armados de lanças, arcos e flechas.
    B: Olha lá, veja.
Q16
    L: Apressadamente, atravessavam o rio sobre um tronco gigantesco de árvore, que o vento
        havia derrubado, e que servia de ponte.
    B1: Parece que nos viram, e estão fugindo.
    B2: Eles tem medo das nossas armas.
Q17
     L: As habilidades dos índios para correr entre, e sobre as árvores, impressionou os
         homens.
     B: Como são rápidos.
Q18
      L: Em minutos, sumiram-se no mato fechado.
      B: Não estão mais aqui.
Q19
      B: Mesmo assim, vamos ficar bem alertas.
Q20
     B1: Vamos voltar devagar, e de olhos bem abertos.
     B2:Certo chefe.
Q21
     L: Incansavelmente, o engenheiro Odebrech examinava seus instrumentos técnicos.
     B: Não podemos nos perder no meio desta mata fechada.
Q22
     L: E apontava a direção a seguir.
     B: Vamos nesta direção.
Q23
     L: Imediatamente seus homens com machados e facões abriam a picada.
     B: Derrubem estas árvores e taquaras, limpem a área.
Q24
     L: Com dificuldade, os homens seguiam resolutos.
     B: Vamos abrir caminho.
     O: Plac, plac, plac.
Q25
     L: Nem mesmo a chuva, que as vezes teimava durante vários dias, enfraquecia estes
          homens.
    B: Vamos seguir em frente.
Q26
    L: Muito menos os perigos encontrados no caminho,
    B: Cuidado, cobra venenosa nas pedras ao lado.
 Q27
    L: Nada os amedrontava.
    B1: Os índios ainda estão nos seguindo?
    B2: Parece que não.
Q28
    B1: Escuta, tem onças por aqui.
    B2: Vamos devagar olhando bem ao redor.
    B3: E em silencio.
Q29
     L: Nem os fazia desistir.
     B1: Esta despenhadeiro é muito perigoso.
     B2: Não podemos cair nele.
Q30
     B1:Para andar pelo meio do mato é preciso tomar muitos cuidados.
     B2: Não se pode ficar doente.
Q31
     L: Com dificuldade a expedição prosseguia.
     B: Se tudo der certo, em quinze dias estaremos na Colônia Blumenau.
Q32
     B: Não vejo a hora, quero descansar bastante.
Q33
     L: Com a abertura do picadão, rapidamente o caminho cresceu de importância, e poucos
          anos após, era constante o movimento de tropas com cargueiros.
     B: Eiita cavalos.
Q34
     L: Em 1878, o governo imperial aplicou recursos em projetos de estradas com objetivo de
          formar vilas para os europeus que chegavam em grande número a região sul do pais.
     B: Vamos distribui-los por nacionalidade.
Q35
     L: A colonização era apoiada pelo governo.
    B1: Os alemães vamos coloca-los aqui.
    B2: Os italianos podem ficar aqui.
Q36
    L: O caminho aberto por Odebrech, conhecido como caminho dos cargueiros, foi utilizado
         por uma corrente de povoamento,
    B: Esta clareira é um bom lugar para construir uma casa.
Q37
    L: Por onde o picadão passava, vilas formavam-se.
    B1: Bom dia seu Ari.
    B2: Bom dia dona Neusa.
Q38
    L: Em pouco tempo, carroças começaram a circular.
    B: Com esta carroça posso transportar mais víveres e mantimentos.
Q39
    B:Estou levando porcos para colonos no Rio das Pombas.
Q40
    L: O picadão serviu de caminho aos milhares de europeus que chegavam a região.
Q41
    L: Devido os ataques de índios, aos poucos começou aparecer cruzes ao lado do caminho,
         colocados pelos colonos para indicar viajantes mortos em emboscadas.
Q42
    L: A quantidade de cruzes aumentava na mesma proporção que aumentava numero de
        viajantes circulando no caminho. 
Q43
    L: Nos anos 1910, os ataques dos índios contra quem viajava por esta trilha no meio da
         mata era constante.
    O: Iiiiiaaaa... bang.
Q44
    L: Os índios costumavam fazer fojos,armadilhas com grandes buracos cobertos de folhas e
         varas pontiagudas viradas para cima, para pegar o europeu.
    B1: Olha chefe, outro fojo.
    B2: Este é bem fundo, tem uns três metros de profundidade.
Q45
    L: Apesar, rapidamente o picadão transformou-se numa estrada ligando várias localidades.
Q46
    L: Aumentava número de cavaleiros e carroças circulando.
Q47
     L: Surgia os luxuosos carros-de-molas (carruagens).
Q48
     L: Vez ou outra, passava velozes aranhas(charretes).
 Q49
     L: Algumas décadas depois, o picadão, agora, estrada ligando cidades em pleno
         desenvolvimento, carros e caminhões suplantaram os cavaleiros e as carroças.
Q50
    L: Os perigos continuaram existindo, agora ao invés de índios e onças são os acidentes que
        assustam a comunidade.
Q51
     L:No início dos anos 1970, finalmente o antigo caminho dos cargueiros foi pavimentado
        com asfalto recebendo o nome de BR 470.
     B: Este asfalto vai impulsionar o progresso na região.
Q52
     L: Acidentes mancharam a BR 470 antes mesmo da inauguração. Em 1973, no perímetro
          urbano de Pouso Redondo, aconteceu uma colisão entre um carro e um caminhão
          matando uma  família inteira, cinco pessoas, marcando para sempre com a estigma de
         ser uma rodovia perigosa.
Q53
      L: A passagem da rodovia BR 470 por Pouso Redondo impulsionou o desenvolvimento do
          município da região central de Santa Catarina.
      B1: Com a BR 470, Pouso Redondo vai crescer bastante.
      B2: É verdade.
Q54
      B1: Demorou, mas finalmente o asfalto está passando por Pouso Redondo.
      B2: Vai ter festa na inauguração.
Q55
       L: Em ............., dia da inauguração, os principais políticos do estado estavam presentes, a
            população estava muito satisfeita.
       B1: Eu, ..................,governador do estado de Santa Catarina, inauguro esta rodovia
              batizando-a de BR 470.
       B2: Viiivaaa.
Q56
      L: Muitos foguetes (fogos de artifícios) foram saltados.
      O: Bam, bam. Poc, poc,poc.
 Q57
      L: O povo comeu churrasco e bebeu chopp na festa de inauguração oferecido pelas
            autoridades.
      B1:Vamos festejar minha gente, agora o asfalto passa por Pouso Redondo.
      B2: Viiivaaaa.
 Q58
      L: Logo após a inauguração, acidentes graves continuaram voltaram assustando a
           população.
      B1: Nossa senhora, outro acidente.
      B2: Este parece bem feio.
Q59
       L: Muitas famílias Pousoredondenses tem uma relação dramática com a BR 470.
Q60
       B1: Meu Deus, até quando isto vai continuar?
       B2: Calma mãe,calma.
Q61
       B1: Meu filho morreu num acidente.
       B2: Até quando esta rodovia vai continuar matando desse jeito?
Q62
       L: Acidentes virou, para tristeza da população, assunto rotineiro em Pouso Redondo.
       B: Mais um acidente grave aconteceu em Pouso Redondo.
Q63
      B: Meu irmão morreu quando estava indo para para a igreja ser testemunha do meu
          casamento.
Q64
      B1:Meu pai acidentou-se na noite do natal.
      B2: Ficou uma dor que não passa.
Q65
      L: Nesta rodovia, a Serra do Ilhéu no município de Pouso Redondo, também conhecida
           como Serra dos Pires, ou Serra da Santinha, é considerado um dos trechos rodoviários
           mais perigosos do Brasil.
     B: Veja lá na frente, tem um caminhão tombado.
Q66
     B: Neste local, quase todas as semanas morre um motorista de caminhão acidentado.
Q67
     L: Além de ser um lugar com pista íngreme e muitas curvas, o asfalto recebe
         constantemente muito óleo dos caminhões que sobem e descem com motor acelerado,
         deixando-o escorregadio.
     B: Aqui as curvas são muito perigosas.
 Q68
     L: Verdadeira armadilha para os veículos, principalmente em dias chuvosos.
     B1: O freio não está segurando.
     B2: Meu Deus do céu.
     B3: O caminhão está desgovernado.
 Q69
      L: Centenas de pessoas já morreram na BR 470.
      B: Mais um acidente na Serra do Ilhéu em Pouso Redondo.
Q70
      B1:Esta serra tem lugares traiçoeiros.
      B2: Se um caminhão cair aqui, não sobra nada.
Q71
      L: Num desses lugares, em......no km..........., aconteceu dois gravíssimos acidentes
           envolvendo ônibus com turistas argentinos; no primeiro morreram 44(?) pessoas, no
          segundo,três dias depois morreu mais 8(?) pessoas.
      B1: Na Serra do Ilhéu, em Pouso Redondo, Santa Catarina, um acidente com ônibus
             argentino matou 44 turistas que se dirigiam as belas praias daquele estado.
      B2: É o segundo mais grave acidente rodoviário no Brasil.
Q72
      L: Atualmente, os acidentes aumentam na mesma proporção que aumenta o número de
          veículos na BR 470.
     B: A rodovia está saturada.
Q73
      B1: A BR 470 está congestionada de caminhões.
      B2: Culpa de políticas erradas, tiraram o trem, agora os caminhões estão virando trem.
Q74
      L: A rodovia está matando igual uma guerra.
      B: Novo recorde de mortes na rodovia BR 470. Hoje, sete de setembro de dois mil e onze,
           morre o santeiro Nica, escultor popular muito conhecido em Pouso Redondo, vítima,
           junto com a esposa, de número cem neste ano na rodovia. Um triste recorde.
Q75
     L: A população está preocupada.
     B1: Os políticos falam que a BR 470 será duplicada.
     B2: Será mesmo?
     B3:Quando?
     B4: Só vendo para acreditar.
Q76
      L: Como havia previsto dr. Blumenau e o engenheiro Odebrech, a mais de um século, o
           caminho rasgado a machado e facão através da mata fechada, impulsionou o
           desenvolvimento da região.
      B: E é uma região muito rica.
Q77
      L: Quanto aos perigos, foi aprendido desde os primeiros tempos, como um preço a pagar
            pelo impulso de progresso que o caminho dos cargueiros, depois BR 470, trouxe ao sul
           do Brasil.
      B: É preciso muito cuidado ao trafegar pela rodovia BR 470.
                 FIM.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 Crônica 11
 Encontro com a onça pintada.

Q1
    L: Em 1928, a onça pintada, outrora rainha da mata atlântica, raramente era vista na
         região central de Santa Catarina.
Q2
    L: Parecia que finalmente os criadores de gado, seu maior inimigo, estavam livres da fera
         que devorava seus novilhos,
Q3
    L: Também seus porcos,
Q4
    L: ovelhas,
Q5
    L: até perus
Q6
    L: e cachorros.
Q7
     L: Agora, na propriedade de Zéha First, imigrante bávaro morador do Lageado, na
        encosta da Serra Geral de Pouso Redondo, a tranquilidade imperava.
     B1: Parece que todas as onças daqui já foram matadas.
     B2: É, faz bastante tempo que não aparece por aqui.
Q8
     B: Por isso, nossa criação anda pelo pasto tranquila.
Q9
      B: Dá até gosto de ver.
Q10
      L: Tranquilidade que nem a presença de índios quebrava.
      B: Escuta, os índios estão tocando seus instrumentos musicais.
      O: Tuuuuumm...tuuuuumm...
Q11
      B1: Todo entardecer é isto.
      B2: Parece um recital de final de tarde.
      O: Tuuuummm....tuuuummm...
Q12
       L: O som que os ídios faziam ecoava na serra.
       O: Tuuuummmm...tuuuuummm...uuuummm..uumm uum...um..u..
Q13
       L: Só parava horas depois em noite firme.
       O: Tuumm..tuu...tu..u..u..
Q14
       L: Finalmente estes índios pararam de tocar.
Q15
       L: Assim, tendo índios como vizinhos, Zéha First, do Lageado, cuidava da sua criação de
           animais.
       B: Vamos, comam.
Q16
       B: Adoro meus animais.
Q17
      L: Num dia, ao tratar os perus, dona Gertha, esposa de Zeha First, sentiu falta de um
          grande macho.
      B: Está faltando o maior.
Q18
      L: Saiu a procurá-lo nas imediações, mas não o encontrou.
      B: Onde está este peru?
Q19
      L: Acreditou ser obra dos índios, já que comumente costumavam roubar animais dos
          colonos.
      B1: Índios danados.
      B2: Costumam roubar nossos animais para comer.
Q20
      L: Num outro dia, Zeha First, percebeu que o cachaço que vivia solto não apareceu mais
           para comer.
      B: Índios gulosos.
Q21
       L: Uma semana depois, também desapareceu um dos seus cachorros, o batedor.
       B: Fiu, fiu, batedor, fiu, fiu.
Q22
       L: Batedor é meu cachorro favorito para caçar, não posso perdê-lo.
Q23
       L: Numa manhã, ao dirigir-se para a roça de milho, Zeha First viu urubus em volta de
           uma carniça.
       B: Vou chegar perto para ver qual animal estão devorando.
Q24
       L: Para sua surpresa, reconheceu restos de batedor, seu cachorro, em avançado estado de
            putrefação.
      B1: É o batedor.
      B2: Pobrezinho. Snif.
Q25
      L: A dúvida dominou seus pensamentos.
      B: Quem o matou?
Q26
      B: Não parece ser obra dos índios.
Q27
      B1: Então, quem matou batedor?
      B2: Quem foi?
Q28
      L: Capinando a plantação de milho, Zeha First pensava no batedor.
      B: Cachorro caçador igual a ele é difícil encontrar.
Q29
      L: Semanas depois, desapareceu o bezerro da vaca manchinha.
      B: Vou carregar a espingarda e irei procurá-lo.
Q30
      L: Zeha First saiu pela grande propriedade a procurar seu bezerro desgarrado.
      B: Preciso encontrar este bezerro.
Q31
      L: Sem desanimar, Zeha First procurava incansavelmente seu bezerro.
      B: Por aqui ele não veio.
Q32
     B: Nem por aqui.
Q33
     L: De repente, percebeu sangue nas folhas de um caité deitado.
     B: Parece que algum bicho foi arrastado por aqui.
Q34
      L: Seguindo o rastro de sangue na relva, Zeha First não tinha bom pressentimento.
      B: Isto não é bom sinal.
Q35
       L: Não precisou andar muito para deparar-se com aquilo que temia, sob uma arvore
            enorme avistou uma grande onça pintada comendo seu bezerro, calculou noventa
           quilos o peso do felídeo.
Q36
      L: Seu sangue gelou, igual o gelo do inverno da sua saudosa Germania
      B: Glup.
Q37
      L: Com o coração disparado, suando frio, imediatamente fez mira com a espingarda e,
          atirou.
Q38
     L: Mas, como estava trêmulo de nervoso, errou o tiro, fazendo a onça sair em disparada,
          deixando o bezerro despedaçado para trás.
      O: Grrrraummm...
Q39
       L: Zeha First deu ainda mais um tiro, novamente não acertando a onça que sumiu pelo
            meio do mato.
       B: Diacho, errei de novo.
       O: Bang.
Q40
       L: Na volta para casa estava pensativo.
       B: Tenho que fazer uma caçada a esta onça.
Q41
      B: Amanhã de manhã vou convidar meus vizinhos para virem comigo.
Q42
      L: Ao chegar em casa, exausto e faminto, pediu a Gertha, sua esposa, uma iguaria que
          gostava:
      B1: Minha frau, faça batata doce com molho de toucinho frito com linguiça e bastante
             torresmos.
      B2: Fiquei o dia fora, estou com uma fome de leão. He, he...
Q43
      L: Após fartar-se foi para cama, mas não conseguia dormir devido excesso de comida no
          estomago e por estar ainda impressionado com o tamanho da onça que encontrou.
      B1: Noventa quilos de força.
      B2: Olhos brilhantes e penetrantes.
Q44
      B1: Rápida igual o vento.
      B2: Uma patada dela pode arrancar o braço de um homem.
Q45
      B: Uma onça...noventa quilos...onça...noventa quilos...
Q46
      L: Com estomago cheio de comida pesada e pensando no grande felídeo, adormeceu.
Q47
      L: Logo um pesadelo começou. De repente estava correndo na frente de leões enormes
           que tentavam devorá-lo.
      B: Socorro, alguém me salva, socorro,leões querem me comer.
Q48
      L: Mas, de repente, ficou tranquilo ao ver ao seu lado antigo professor segurando um
           bacamarte com fumaça saindo pelo cano, já tinha matado três leões, gritava a plenos
          pulmões:
      B1: Mata o tigre.
      B2: Mata o leopardo.
Q49
      L: Estava alucinado atirando em todas as direções.
      B: Mata, mata.
Q50
      L: Então, mais de repente ainda, estava sozinho em frente a uma mata intransponível com
          cobras gigantescas vindo na sua direção.
      B: Socorro professor, não saia do meu lado, socorro.
Q51
      L: Então, quando estava prestes a ser engulido, sentiu-se chacoalhado, era Gertha que
          o acordava.
      B1: Acorda homem.
      B2: acorda.
Q52
      B1:Héim.
      B2: Você estava tendo um pesadelo.
      B3: Se agitava todo na cama.
Q53
      B1: Olha só, está todo suado e tremendo.
      B2: Pesadelo horrível.
Q54
      B: Sonhei que estava sendo atacado por feras africanas e asiáticas aqui ao lado de casa.
Q55
      B1:Que pesadelo horrível.
      B2: Ainda por cima estou com uma dor de barriga daquelas, vou correndo a casinha me
            aliviar.
Q56
      L: Já te falei para não exagerar na comida a noite.
Q57
      B1: Vou levantar e fazer um chá de boldo.
      B2: Vai te fazer bem.
Q58
       L: Munida de lampião, Gertha partiu em direção ao quintal falando sozinha.
       B: Já disse a este teimoso para não comer muito torresmos a noite.
Q59
      B1: Agora vai ficar uns dias com desarranjo.
      B2: Igual outras vezes, e não aprende.
Q60
     B: A caçada a onça pintada terá que esperar até ficar bom da dor de barriga.
Q61
     L: Enquanto isso, longe deste episódio cômico, a onça pintada novamente estava caçando.
     O: Graummm...
        FIM.

 
   Crônica 12
   O caçador de imagens.

Q1
     L: A região da Serra do Ilhéu, na Serra Geral em Pouso Redondo, é habitat natural de
         muitos passeriformes (passarinhos).
Q2
     L: Lugar de papagaios (psitaciformes),
Q3:
     L:Arapongas,
     O: Bléim, bléim..
Q4
     L: Sabiás(turdídeos),
Q5
     L: Pintassilgos,
Q6
     L: Caturritas,
Q7
    L: Canarinhos,
Q8
    L: Azulões,
Q9
    L: Tucanos,
    O: Creenc, creeeeec,...
Q10
     L: E muitas outras aves, todas habitam livremente a bela paisagem.
Q11
     L: Ali, o gorjear da passarada ao amanhecer emociona corações sensíveis, como de Lino
          fotógrafo, morador próximo a uma cachoeira.
      B: Ouvir os passarinhos me deixa feliz.
Q12
      B1: Sou capaz de ficar horas ouvindo passarinhos cantar.
      B2: Gosto demais do canto do sabiá.
Q13
       B1: Não me canso de fotografá-los.
       B2: É emocionante vê-los.
Q14
       B: O sabiá-preto costuma cantar no ponto mais alto das árvores.
Q15
       B1: É o rei do gorjear.
       B2: Cantor que emociona.
Q16
       B1: Jamais alguém deveria pensar em prender um pássaro assim.
       B2: Eu não prendo e nem mato passarinhos, apenas fotografo-os.
Q17
       B: Gosto de fazer foto caçadas.
Q18
      B: Entro no mato em silencio e procuro motivos para fotografar.
Q19
      B1: Eu encontro muita coisa interessante.
      B2: Como este ninho coleirinhas.
Q20
      B: Hoje meu objetivo é fotografar filhotes de papagaios num ninho que descobri.
Q21
     B: Vou ficar aqui, observando de longe com a lente de aproximação.
Q22
      L: Durante horas Lino observava a árvore oca onde os papagaios tinham o ninho,
           esperava pacientemente melhor momento para registrar a refeição dos
           psitaciformes.
     B: É preciso ficar em silencio total.
Q23
      L: Então aconteceu,
      B1: Olha só, que beleza.
      B2: Demais, estou emocionado, acho que vou chorar.
Q24
      L: Somente no final do dia Lino saiu do mato.
      B: Estou tão feliz por ter captado a imagem da mamãe papagaio alimentando seus
           bebezinhos.
Q25
      B1: Que emoção.
     B2: Fiquei dez anos mais jovem.
 Q26
      L: Mas, Lino preocupava-se,
      B: Espero que nenhum gaioleiro descubra este ninho de papagaio.
Q27
      B1: Estes ignorantes são um problema sério, costumam pegar os filhotes para prender em
            gaiolas.
Q28
      B: O mesmo fazem com outros pássaros.
Q29
       B: Depredam ninhos de sabiás, arapongas, tucanos e coleirinhas, entre outros.
Q30
       B1: Dizem gostar de passarinhos, mas na verdade odeiam, são apenas egoístas.
       B2: Pobre dos passarinhos que cair nas mãos destes ignorantes.
Q31
       B: Por isso, mantenho segredo dos ninhos de passarinhos que descubro.
Q32
       B: Não os conto para ninguém.
Q33
       B1: Se depender de mim, os fabricantes de gaiolas morrem de fome.
       B2: E, os passarinhos, sempre estarão voando e cantando livremente e felizes no seu
              habitat natural.
         FIM.